O LEILÃO DE LIBRA E SUAS IMPLICAÇÕES
Para o
governo e seus acólitos, o leilão de Libra foi um grande sucesso. Apresentam
números manipulados. Dizem que 85% do petróleo extraído irão para o governo. E
a mídia privatista vem dando a maior cobertura. Vamos ver se é verdade o que
Dilma e o camarada Lobão vêm apregoando. Antes, porém, algumas indispensáveis
informações.
Foi um
leilão com um só concorrente. A Shell, que não participava do consórcio, só
associou-se na última hora, depois que o ministro Lobão anunciou o nome de engenheiro
Oswaldo Pedrosa, para a presidência da PPSA-Pré Sal Petróleo S.A (estatal que
controlará o pré sal). O Sr. Pedrosa, formado na Universidade Stanford na California-EUA,
aposentado na Petrobras, é gerente executivo da empresa de petróleo HRT e foi diretor
da ANP no governo FHC; quando começou a defender a privatização da PETROBRAS, o
que faz até hoje. Para CEO, foi nomeado o Sr. Antonio Claudio Pereira da Silva,
que é sócio na empresa Barra Energia do Brasil, do presidente João Carlos de
Luca que é também presidente do IBP-Instituto Brasileiro de Petroleo, Gas e
Biocombustíveis, que pertence a 200 empresas petrolíferas, a maior parte, estrangeiras.
A Shell tem participação na Total, que é ramificação das petroleiras
norte-americanas. Só topou entrar no negócio depois que esses senhores foram confirmados
para a Diretoria da nova estatal.
Sobre
a PETROBRAS - A União detém apenas 48% das ações. Os fundos de pensão têm 10% e
o FGTS 3%. Dos 39% restantes, 31% estão no exterior. As estrangeiras têm 100%
no exterior. Os softwares da Petrobras são feitos pela norte-americana
Halliburton.
É claríssimo
que foi tudo combinado: uma só proposta, para oferecer o preço mínimo; a
entrada, na undécima hora, das duas europeias; 60% do campo passam a pertencer
a quatro empresas estrangeiras; formas de remuneração altamente vantajosas para
o consórcio.
A privatização desnecessária encontra
duas explicações: A) o governo está querendo atrair capitais externos e quis
mostrar bom comportamento aos bancos internacionais. B) O duvidoso superávit primário está em nível muito aquém do
estabelecido pelo governo. O bônus de assinatura melhora, pois se destina a
pagar juros da dívida.
No exacerbado início da campanha
eleitoral já em curso, temos, até agora, três candidatos que defendem,
flagrantemente, as políticas neoliberais e as privatizações. E as grandes
empresas de mídia nem disfarçam essa posição. Por isso, apresentam com ufanismo
o “sucesso” do leilão. A oposição liberal não tem vontade, nem moral, para desmascarar
as mentiras governamentais.
Com empresas
estrangeiras dominando 60% do maior campo petrolífero do mundo, apregoam que
isso não é privatização. Pensam que o povo não sabe distinguir o azul do
amarelo. Não é ledo engano. É má fé.
A Petrobras
teve seu saldo de caixa, nos últimos anos, reduzido drasticamente. Passou de R$
70 bilhões para seis a sete bilhões de reais. O alegado motivo que o governo
apresenta por não ter feito o contrato de partilha com a empresa nacional, é falta
de dinheiro. Então, como poderá desembolsar R$ 6 bilhões, sua parcela no bônus?
E sangra o caixa da empresa, pois obriga-a-a vender a R$ 1,42 a gasolina que
compra a R$ 1,72. É que, se aumentar o preço de venda, o PT perderá a eleição.
Se houvesse
planejamento estratégico para médio e longo prazos, vultosos recursos poderiam
ser direcionados para investimentos e para fortalecer o caixa da Petrobras. O
governo destina recursos para obras do desnecessário trem bala, que poderia direcionar
para a exploração do pré sal. O Tesouro paga DIARIAMENTE, R$ 2 bilhões de
juros da dívida que não foi auditada. Apenas sete dias e meio desse
pagamento dá os R$ 15 bi do bônus. Em pouco mais de quatro anos, o governo
pegou empréstimos no mercado de R$ 400 bilhões, a juros em torno de 17%, e entregou
ao BNDES que desperdiçou com empreiteiras (compraram empresas no exterior) e
bancos que estavam falindo (Votorantin) a juros de 5,5 a 6%.
A REMUNERAÇÃO DO GOVERNO E DO CONSÓRCIO
Para pagamento dos custos de
produção, 40% do óleo extraído ficam com o Consórcio. Os R$ 15 bilhões
do bônus, serão deduzidos no pagamento de óleo/lucro. Os 15% referentes a
royalties ficarão com o consórcio, que pagarão em dinheiro, não em óleo. Desses
55%, 60% irão para as quatro estrangeiras.
Portanto, a União receberá 41,65% dos
45% que sobraram, ou seja, equivalem a 18,72% do total do óleo extraído. Se
a produção ultrapassar a 25 mil barris/dia, o consórcio pagará mais 3,41%.
Logo, o total será 45,56% dos 45% que sobraram. Em outro cenário, se a produção
for menor que 4 mil barris/dia, ou se o preço do barril baixar para menos de
US$ 60, a União cederá ao Consórcio 31,72%. Ficarão então, apenas 9.93%
(41,65-31,72). A União receberá entre 9.93% (9.93 x 45) e 45,56% (45,56 x 45)
do óleo/lucro que é de 45%, ou seja, de 4,45% a 20,5% do total do petroleo
extraído. O Consórcio ficará com 79,5% a 95,55% do petróleo extraído, sendo 40%
para a Petrobras e 60% para as outras quatro.
Além do óleo recebido conforme acima,
a União receberá, em dinheiro, royalties de 15%. E 25% de impostos.
Só chamando o Malba Tahan (O Homem que
Calculava) para explicar os 85%. A Venezuela e todos os países exportadores, em
contratos de partilha, ficam com 80% do petróleo extraído.
Se firmasse contrato de partilha
exclusivamente com a Petrobras, o lucro e o óleo ficariam integralmente no
Brasil. As multinacionais e os governos respectivos, para explorar o petróleo
de outros países, mandam tropas, promovem guerras civis, enfim, utilizam a
força, como no Iraque, na Libia etc. Aqui no Brasil, já atuam com desenvoltura no
pos sal e agora entram no pré sal, com a ajuda das forças armadas que atuaram
contra os poucos patriotas que protestavam contra a privatização.
Essa política foi implantada por
Fernando Collor, continuada por FHC, por Lula e por Dilma que declarou que o
pré sal não seria privatizado.
Em 22 de outubro de 2013-
RONALD SANTOS BARATA
Dados colhidos no sitio da AEPET-Associação dos Engenheiros
da Petrobras e na página do Correio da Cidadania.
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