PREVIDÊNCIA
SOCIAL
INTRODUÇÃO
O ano da criação
da Lei Eloi Chaves, 1923, é considerado o marco inicial da Previdência Social
no Brasil. Todavia, antes disso já havia organismos de segurança social no
Brasil. São mais de cem anos de lutas dos trabalhadores, que conseguiram muitos
avanços Porém, nos últimos quinze anos, com a instalação de governos
neoliberais, as lutas passaram a ter caráter defensivo, devido aos ataques para
reduzir ou extinguir direitos.
Até chegarmos à instituição da
Previdência Social Pública, há uma longa história de acontecimentos
importantes, visando a prevenir os riscos biológicos (velhice, invalidez,
doença) e os riscos sociais (desemprego, acidente).
Geraram-se dois princípios: a
poupança, visando assegurar o necessário para o futuro, e a solidariedade,
sentimento natural entre os humanos, que começou com assistencialismo e
caridade.
Ainda na idade média, século XIV, foram
celebrados os primeiros contratos de seguro marítimo, através de Caixas de
Socorro. Em Roma, Egito e Grécia, concebido o “pater famílias”, instituiu-se
proteção aos servos e clientes. Em 1601, a Inglaterra criou a Lei dos Pobres, mas
só depois da formação da Previdência Social na Alemanha, é que instituiu, em
1897, o seguro obrigatório para acidentes do trabalho.
Na Alemanha, em 1883, com a
intervenção do Estado, Otto von Bismarck criou a Previdência Social, instituindo
o seguro obrigatório para cobrir acidentes, doença e velhice, com contribuição
obrigatória para empregados, empregadores e Estado.
No Brasil, em 1835 nasceu o Montepio
Geral dos Servidores do Estado. Em 1888, o Decreto Nº 9.912-A de 26 de março, criou
o direito à aposentadoria para os empregados dos Correios. Seguiram-se a Caixa de Socorro dos Empregados
das Estradas de Ferro do Império, e o Fundo de Pensões dos Empregados das
Oficinas da Imprensa Nacional. Em 1890 nasceu o Montepio Obrigatório dos
Empregados do Ministério da Fazenda.
A Constituição Republicana de 1891
determinava a aposentadoria aos funcionários públicos em caso de invalidez a serviço
da Nação. (Nota I - essa constituição concedeu pensão ao ex
Imperador Dom Pedro Segundo, que, em Portugal, recusou). A Lei de Adolfo Gordo, de 1915, instituiu
o seguro de acidentes do trabalho (Nota II - Adolfo Gordo foi autor da Lei de 1907 que
levou seu nome, que permitia a deportação de estrangeiros que atuassem no
movimento sindical).
O Decreto Nº 4.682 de 24/1/ 1923,
conhecido como Lei Eloi Chaves, criou a Caixa de Aposentadoria e Pensões nas
empresas ferroviárias, sem a participação do Estado, que apenas fiscalizava. É
considerado o marco inicial da Previdência Social no Brasil.
Em 1933, nascem os Institutos de
Aposentadorias e Pensões,.com a participação do Estado. Foi criado, em 29 de
junho, o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos-IAPM com
abrangência nacional e filiação obrigatória de todos os trabalhadores em marinha
mercante. Alcança toda a categoria, e não apenas uma empresa. Seguiram-se a
Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Aeroviários, o IAPC, o IAPB, o IAPI, o
IAPETC e o IPASE.
Além da assistência previdenciária,
os IAPs prestavam outros serviços, como assistência médica ambulatorial e até
domiciliar, através do SAMDU-Serviço de
Assistência Médica Domiciliar de Urgência; O SAPS-Serviço de Alimentação da
Previdência Social, coordenava uma rede de pequenos armazéns e restaurantes, a
preços módicos. Concediam empréstimos simples, empréstimos para habitação, e possuíam
excelentes hospitais. A contribuição previdenciária era de 5% a 8%, igual para
empregados, empregadores e Estado (que nunca pagava).
A LOPS-Lei Orgânica da Previdência
Social, foi criada pela Lei 3.807 de 26/8/1960, sancionada pelo previdente
Juscelino Kubistchek, sob pressão do movimento sindical e decisiva atuação do
vice-presidente João Goulart. Instituiu a gestão colegiada, formada por
representantes dos empregados, dos empregadores e do Estado. Unificou os IAPs
em direitos e deveres mas manteve gestão separada para cada Instituto.
O regime militar, através do
Decreto-Lei nº 72/1966, unificou os
IAPs, criando o INPS-Instituto Nacional da Previdência Social, acabando com a
gestão colegiada. Reduziu benefícios, a exemplo da mudança do cálculo para
benefícios, deixando de considerar as doze últimas contribuições, passando para
as últimas tinta e seis contribuições. O pé-na-cova passou de 25% para 20% etc.
Em 1971 o Ministério do Trabalho
passou a ser Ministério do Trabalho e da Previdência Social (que foi
desmembrado em 1974, com a criação do Ministério da Previdência e Assistência
Social). Os trabalhadores rurais obtêm a cobertura da Previdência Social; em
1972, os empregados domésticos e os autônomos, em 1973.
O SINPAS-Sistema Nacional da
Previdência e Assistência Social, criado em 1977, compunha-se do INAMPS, IAPAS,
INPS, LBA, FUNABEM, DATAPREV e CEME. Absorveu o IPASE e o SASSE (economiários)
e as Caixas Militares. O INAMPS foi transferido para o Ministério da Saúde em
1984, e foi extinto em 1993 com a criação do SUS. A LBA e a FUNABEM, em 1988,
passaram para o Ministério da Habitação e Bem-Estar Social, depois Ministério
do Interior.
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